Phil Spencer lidera a Xbox (agora oficialmente Microsoft Gaming) há mais de dez anos. Até recentemente, muitos concordariam que sua liderança priorizava genuinamente os jogadores, mesmo enquanto a Xbox continuava a perder terreno para a PlayStation no mercado. Por exemplo, Spencer rapidamente removeu o Kinect do Xbox One, eliminando a barreira de preço de US$ 100 que estava atrasando o console. Uma de suas primeiras grandes ações foi defender a compatibilidade com versões anteriores, que claramente foi um grande sucesso. Mais tarde, o FPS Boost nos consoles Xbox Series melhorou o desempenho de muitos títulos clássicos. Ele também pressionou a Sony, ainda que relutantemente, a adotar o jogo multiplataforma como um padrão do setor. O Xbox One X superou o PS4 Pro ao oferecer 4K nativo genuíno. O Xbox Adaptive Controller e a notável integração de ASL em vários títulos de primeira linha tornaram os jogos mais acessíveis durante o mandato de Spencer. E depois há o Xbox Game Pass - embora seu modelo financeiro continue sendo um tema de debate entre jogadores e desenvolvedores - ele indiscutivelmente ofereceu um valor excepcional aos membros.

Isto é, até agora. No podcast Unlocked da IGN, frequentemente menciono aquele clipe dos Simpsons em que o Sideshow Bob continua se atingindo com os ancinhos. A razão pela qual cito isso é que a Xbox frequentemente parece sabotar seu próprio progresso, geralmente através de tropeços autoinfligidos. Considere este outubro: a Microsoft está prestes a lançar não um ou dois, mas três novos jogos muito aguardados no próximo mês. Primeiro, o incrivelmente promissor Ninja Gaiden 4, um renascimento da aclamada série de ação depois de dez anos fora dos holofotes. Em seguida, o intrigante Keeper da Double Fine, o próximo jogo do estúdio após Psychonauts 2, indicado ao Jogo do Ano. E depois há a confiável sequência de RPG/tiro da Obsidian Entertainment, The Outer Worlds 2, que impressionou todas as vezes em que o vimos em prévias. Este é potencialmente um mês marcante para a Xbox - especialmente quando os fãs de longa data lembram como, não muito tempo atrás, ver três grandes lançamentos de primeira linha em um ano inteiro era uma raridade, quanto mais em um único mês.

Todos os três títulos estarão disponíveis no Xbox Game Pass desde o primeiro dia - mas é aqui que a Xbox começa a pisar nos ancinhos. A partir de agora, esse benefício vem com um custo significativamente maior. A Microsoft aumentou os preços do Game Pass pelo terceiro ano consecutivo, com o nível premium - que inclui todos os lançamentos day-one - custando agora US$ 30 por mês. Para colocar isso em perspectiva, há quatorze meses, o Game Pass Ultimate custava apenas US$ 17. Isso dá uma ideia de quão rápida e acentuadamente o preço subiu.

Há quatorze meses, o Game Pass Ultimate custava US$ 17. Agora, custa US$ 30 - demonstrando a velocidade e a escala desse aumento.

Vale notar que a Microsoft aprimorou a oferta Ultimate com adições como Ubisoft+ Classics, benefícios do Fortnite Crew e jogos em nuvem de maior resolução. Também é verdade que vários possíveis candidatos a Jogo do Ano - como Clair Obscur: Expedition 33, Hollow Knight: Silksong e Blue Prince - chegaram ao Game Pass Ultimate no lançamento este ano. Ainda assim, o apelo principal do Game Pass continua sendo o acesso no primeiro dia aos títulos publicados pela Xbox, e essa mudança de preço parece mirar exatamente nisso. (Para referência, o PC Game Pass está aumentando de US$ 12 para US$ 16,49 por mês.)

Este aumento acontece logo após a Microsoft ter aumentado os preços dos consoles Xbox pela segunda vez em apenas quatro meses, com o Xbox Series X de alta capacidade agora custando impressionantes US$ 800. Mas esse preço parece quase razoável ao lado do muito divulgado PC portátil ROG Xbox Ally X, que chega com um preço surpreendente de US$ 999. Sim, existe um modelo mais acessível e menos potente por US$ 599, mas sua qualidade permanece incerta, já que a Microsoft forneceu acesso antecipado apenas ao modelo premium Ally X para revisores e influenciadores. Esperançosamente, a versão de entrada provará ser valiosa, assim como o Series S tem sido para jogadores mais casuais.

Na verdade, os preços dos jogos de primeira linha são uma das poucas coisas que a Xbox não aumentou - pelo menos ainda não. Eles tentaram aumentar o preço de The Outer Worlds 2, e é quase certo que tentarão novamente no ano que vem com grandes lançamentos como Fable, Gears of War: E-Day e Forza Horizon 6. No entanto, após forte reação da comunidade Xbox, a Microsoft recuou.

Vivemos em tempos econômicos incertos, e é verdade que a Sony e a Nintendo também aumentaram os preços de seu hardware envelhecido no ano passado (com a Nintendo também implementando preços de software mais agressivos para a geração do Switch 2). Pode-se atribuir parte disso a fatores externos como tarifas - e a Microsoft certamente o faz - mas, em última análise, a responsabilidade recai sobre a Microsoft. Esta é uma empresa avaliada em quase US$ 4 trilhões, que buscou múltiplas rodadas de demissões depois de gastar mais de US$ 80 milhões em aquisições de estúdios e publicadoras. É razoável perguntar se os céticos que questionavam a viabilidade de longo prazo do modelo Game Pass estão sendo justificados por esses ajustes drásticos de preços.

Infelizmente, a situação reflete uma tendência mais ampla: os jogos estão se tornando menos acolhedores para novatos em vez de mais inclusivos. Nas gerações anteriores de consoles, os preços do hardware normalmente caíam com o tempo, enquanto a biblioteca de jogos disponíveis crescia, promovendo um ecossistema mais saudável e expandindo a base de jogadores. Embora a Microsoft não seja a única responsável por essa mudança, as decisões recentes da empresa não mostram muita consideração pelos clientes que já lidam com o aumento dos custos de itens essenciais como mantimentos e combustível. As pressões econômicas mais amplas não são obra da Microsoft, e a empresa também enfrenta despesas de desenvolvimento mais altas, mas sua estratégia parece priorizar os lucros em vez do suporte aos jogadores.

Como resultado, mesmo que esta geração do Xbox não tenha terminado, ela provavelmente será mais lembrada pela abordagem orientada para o lucro da Microsoft: múltiplos aumentos de preços do console, repetidos aumentos do Game Pass, tentativas de aumentar os preços do software e dezenas de milhares de demissões juntamente com o fechamento de vários estúdios.

Parece um cenário clássico da pata do macaco. Desde a problemática era do Xbox One, tudo o que os jogadores da Xbox queriam era um fluxo constante de exclusivos de primeira linha de alta qualidade. Agora, em 2025, finalmente estamos obtendo isso - e o próximo ano já parece promissor - mas isso está vindo às custas de quase tudo o mais que tornava a plataforma atraente. E a culpa não é nossa - a responsabilidade está totalmente na ganância corporativa da Microsoft.